segunda-feira, 31 de março de 2008

O VELHO CAJUEIRO

Socorro Santana

Era uma vez um velho cajueiro,
Implantado na mata,
Lá distante!...
Não mui frondoso,
Esguio, pequenino,
Entre muitos, no prado verdejante,
Bem distante da beira do caminho!

Aqui e além se viam espalhados
Inúmeros cajueiros carregados
De frutos amarelos, sazonados!
Outros vermelhos e apetitosos
Que de longe pareciam saborosos!

Um bando barulhento
Entra da mata à dentro
A procura do fruto suculento.
Cata daqui, dali, sempre provando
Os frutos, que aos montes encontrando,
Desagradam tão cedo ao paladar!
Uns tão ácidos e outros mui rançosos
Repugnando a quem lhes vai provar!

Andando,
Procurando,
Chegam por fim ao velho cajueiro
Mirrado! Porém muito carregado!
Experimentam pois: que sensação
Deliciosa e sem contestação!

Os frutos colhem:
Tantos que sobejam
A contentar a quantos os desejam!
Satisfeitos, alegres, vão embora
Deixando triste, abandonado agora
O velho cajueiro tão sozinho!
Esquecido na mata, desfolhado,
Tão renegado e longe do caminho!

xxx

Quantos talvez
Iguais ao cajueiro,
Florescem, frutificam e vicejam,
Dando sombra, dulçor, vitalidade
À farsante e ingrata humanidade:
E depois, tal qual o velho cajueiro
São banidos da glória e desprezados,
Sem piedade, dentro do espinheiro!

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