segunda-feira, 31 de março de 2008

DEVANEIOS

Socorro Santana

Onde moro? Não sei! Vivo rolando
Nos declives sem fim de minha vida!
Se estou aqui um vácuo se interpõe,
Se fico lá me sinto entristecida!
E neste vai e vem que se repete
Fico sempre num beco sem saída!

Aqui meu grande amor deixo sozinho
No jugo da saudade e solidão!
Lá os filhos queridos que reclamam
Meu aconchego, minha proteção
E eu, nesta jornada vou sentindo,
Dilatar-se minh´alma e coração!

“Não sei se vou, não sei se fico!”
Digo tal qual ao Martinho da Vila
Na toada que hoje popular
Deleita-me bastante ao ouvi-la
E dela tiro conclusões propícias
A minha vida tosca e intranqüila!

Coloco meu dever além de tudo!
Além da música, além da poesia!
Ser mãe e ser esposa eis o meu prêmio
Que ouso conquistar feliz um dia,
Quando vir terminada esta jornada
De lutas, de martírio e de agonia!

E deste falso mundo de ilusões
Onde sonhei vencer no seu transporte,
Só levarei decepções frementes
Que culminaram sim a minha sorte,
Pois ao poeta cabe a triste sina:
Só ser glorificado após a morte!

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