Socorro Santana
Faz pena ver-se quase todo dia
De pernas estendidas na calçada,
O mendigo, exposto à zombaria
De quem passa correndo indiferente,
Á tétrica figura ali parada!
A uns estende a mão
Pedindo compungido
Uma esmola pelo amor de Deus!
E a súplica vazia não ouvida
È confundida nos lamentos seus!
Expondo aquelas pernas deformadas
Enormes ao poder do gigantismo
Na esperança que comova alguém!
Mas como sempre o indiferentismo,
O germe do mais torpe egoísmo,
Não comove ninguém!
E ele fica assim!
As pernas estendidas,
Enormes, deformadas, esquecidas,
Dias após dias na esperança,
Da mísera moeda que alguém lança!
Comércio vil de nojo e de miséria!
Macabra e hedionda exposição,
Que zomba dos poderes da ciência
Na iminência da deformação,
Que faz um ser humano transformar-se
A fazer disto o triste ganha-pão!
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